Ciro Gomes.
“Eu acho que é uma articulação, como sempre no Brasil, o moralismo a
serviço da moralidade”, disse ontem o ex-governador Ciro Gomes (PSB), ao
defender seu irmão, o governador Cid Gomes (PSB), de uma série de
denúncias como gastos de R$ 3,4 milhões com buffet e compra de
helicópteros sem licitação feitas pelo deputado estadual Heitor Férrer
(PDT) e que envolveu empréstimo de R$ 58 milhões com banco alemão.
Ciro Gomes lamentou denuncias sobre buffet e indagou: “Qual o governo
que não teve, em qualquer tempo, que contratar serviços de oferta de
comida para recepções de presidentes da República, ministros,
autoridades estrangeiras e eventos nacionais e internacionais que
acontecem aqui? Todos os governos de Estado em todas as épocas e em
todas as dimensões tiveram isso. Se há um escândalo hoje, esse escândalo
só seria verdadeiro se tivesse sido criado agora”.
Indagado se o valor envolvido no contrato de buffet não seria exagero,
Ciro reagiu: “Pra dizer que é muito alto, tem que comparar. Pra ser
escândalo, tinha que ser uma coisa que só acontece no Ceará. Vamos olhar
todos os governos de Estado do Brasil: se um deles não tiver serviço de
comida pra receber pessoas, então aqui se justifica o escândalo”,
acentuou.
Para Ciro, há uma “manipulação” nesse caso do buffet, porque, como
ressaltou, “é muito fácil um demagogo qualquer dizer que quando o povo
passa fome, o governo compra isso…R$ 3,5 milhões. Segundo o ex-ministro,
a administração de Cid Gomes não comprou esse valor, pois está num
contrato, uma licitação que o governo usa de acordo com o tempo”.
O ex-ministro chegou a ressaltar que “se tivesse imprensa no Ceará, e
alguma boa fé que não existe – não nos jornalistas que sei que são boas
pessoas, mas.. enfim… o Jornal O POVO, por exemplo, é um jornal de
picaretas”. Lembrado de que o jornal está cumprindo seu papel de
investigar, denunciar e divulgar, Ciro insistiu: “O Jornal O POVO não
investigou nada. Se tivesse investigado, teria dito ao povo cearense se
há ou não precedente nos outros governos…de Lúcio, de Tasso, no meu e se
nos outros Estados há ou não esse serviço e comparar valores. Por
exemplo, Pernambuco já gastou, neste momento, 50% a mais que o Ceará
nessa rubrica. Não tem jornalismo. É só achaque.”
Sobre os helicópteros e denúncias de que teria sido comprado sem
licitação com financiamento do banco alemão, Ciro reagiu: “O Ceará tem
problema grave de segurança pública. Isso é unânime na percepção da
sociedade e se enfrentava isso no carro Gol. O governador resolveu
equipar e modernizar estruturalmente o aparelho policial do Estado…tem
Perícia Forense, Corregedoria Autônoma, de cada dois policiais contratou
um – a metade dos policiais. Ele enfrenta problemas de salários e
comprou quatro helicópteros para reforçar a segurança e salvamento das
pessoas. Tudo dentro da lei, aprovado pela Assembléia, aprovado pelo
Senado e há um ano. Por que esse escândalo forjado agora ?”
Lembrado de que o deputado estadual Heitor Férrer (PDT) disse que o
governo enganou e não foi transparente na época quando do quesito que
pertence a um empréstimo da Secretaria da Ciência e Tecnologia, Ciro
disparou: “Ele votou. Ele votou. Se tivesse imprensa no Ceará e não
fosse isso só uma trama, ia se investigar. Cadê o deputado na hora que a
Assembleia votou? E quando o Senado aprovou por unanimidade? Você acha
que quando tem coisa errada a Assembleia aprova,o Senado aprova um
empréstimo que é internacional?
Então o Governo de Cid Gomes é de santo? – indagou-se, no que Ciro
reagiu: “Santo ninguém é, santo ninguém é, mas esses dois escândalos são
completamente artificiais, produzidos exatamente nessa articulação. O
Heitor Férrer é só instrumento. Na verdade, ele (Heitor ) está a serviço
de coisa muito pior, que é o achaque, que é a tentativa de forçar o
governo a dar dinheiro aos milhões pra quem não merece e nem vai ter.”
Ciro conclui a entrevista e seguiu para a sala e embarque, onde viajou
para Natal, em ritmo de palestra.